Na Constituição
Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, no capítulo
sobre Escritura Sagrada na Vida da Igreja, declarou que "Ela (a igreja)
sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a
regra suprema de fé, e sempre as considerará assim"
Da declaração
anterior, nós, os cristãos evangélicos, rejeitamos, desde logo, a
tradição sagrada como regra de fé. Ficamos, pois, em terreno comum com
os católicos romanos no que diz respeito às Escrituras. No entanto,
nisto também existe uma diferença de suma importância. Isto tem relação
com os livros do cânon do Velho Testamento. No livro Consultas dei
Clero, parágrafo 207, se transcreve assim o decreto emitido pelo
Concilio de Trento sobre as Sagradas Escrituras:
"Se alguém não
receber como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as
suas partes, tal como se encontram na Antiga Versão Vulgata, seja
anátema." Seguindo a mesma posição doutrinária, o Concilio Vaticano II,
no capítulo sobre "A inspiração Divina e a Interpretação da Escritura
Sagrada", se pronunciou da seguinte maneira: "Aquelas realidades
divinamente reveladas, contidas e apresentadas na Escritura Sagrada,
foram reduzidas à escritura sob a inspiração do Espírito Santo. A Santa
Madre Igreja, descansando sobre a crença dos apóstolos, sustenta que os
livros, tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, com
todas as suas partes, são sagrados e canônicos, porque, havendo sido
escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm a Deus como seu autor e
foram transmitidos Como tais à igreja mesma."
Mas, quando a
Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento, ela
inclui uma série de livros que os protestantes chamam de "Apócrifos" mas
os católicos de "Deuterocanônicos", os quais não aparecem nas versões
evangélicas e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que na opinião
popular dos católicos existem duas Bíblias: uma católica e a outra
protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma
Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus. Em suas línguas originais (o
hebraico e o grego), a Bíblia é uma só e igual para todos. O que nem
sempre é igual são as versões ou traduções dela aos diferentes idiomas.
Neste estudo iremos mostrar porque nós, cristãos evangélicos, não
aceitamos os chamados, "Livros Apócrifos", e conseqüentemente rejeitamos
com provas sobejas, as alegações romanistas de que tais livros possuem
canonicidade e inspiração divina.
APÓCRIFOS: O QUE SIGNIFICA?
Na realidade,
os sentidos da palavra "apocrypha" refletem o problema que se manifesta
nas duas concepções de sua canonicidade. No grego clássico, a palavra
apocrypha significava "oculto" ou "difícil de entender". Posteriormente,
tomou o sentido de "esotérico" ou algo que só os iniciados podem
entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e
IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do
Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como
"pseudepígrafos". Desde a era da Reforma, essa palavra tem sido usada
para denotar os escritos judaicos não-canônicos originários do período
intertestamentário. A questão diante de nós é a seguinte: verificar se
os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque sua mensagem
era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade
duvidosa.
Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento
Há quinze
livros chamados apócrifos (catorze se a Epístola de Jeremias se unir a
Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2
Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e
Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de
Cristo.
Significado da palavra CÂNON e CANÔNICO
CÂNON - (de
origem semítica, na língua hebraica "qãneh" em Ez 40.3; e no grego:
"kanón" em Gl 6.16"), tem sido traduzido em nossas versões em português
como, "regra", "norma".
Significado literal: vara ou instrumento de medir.
Significado
figurado: Regra ou critérios que comprovam a autenticidade e inspiração
dos livros bíblicos; Lista dos Escritos Sagrados; Sinônimo de ESCRITURAS
- como a regra de fé e ação investida de autoridade divina.
Outros significados: Credo formulado (a doutrina da Igreja em Geral); Regras eclesiásticas (lista ou série de procedimentos)
CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.
Significado da
palavra PSEUDOEPÍGRAFO - Literalmente significa "escritos falsos" - Os
apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim não
canônicos, embora, também contenham ensinos errados ou hereges.
DIFERENÇAS ENTRE AS BÍBLIAS HEBRAICAS, PROTESTANTES E CATÓLICAS.
Diferenças Básicas:
1. Bíblia Hebraica - [a Bíblia dos judeus]
a) Contém somente os 39 livros do V.T.
b) Rejeitam os 27 do N.T. como inspirado. Também não aceitam Jesus como messias.
c) Não aceitam os livros apócrifos incluídos na Vulgata [versão Católico Romana)
2. Bíblia Protestante -
a) Aceita os 39 livros do V.T. e também os 27 do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos
3. Bíblia Católica -
a) Contém os 39 livros do V.T. e os 27 do N.T.
b) Inclui na
versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias,
Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis
capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois
capítulos de Daniel. A seguir a lista dos que se encontravam na
Septuaginta:
LIVRO APÓCRIFO DA SEPTUAGINTA
8 Baruque
1 3 Esdras 9 A Carta de Jeremias
2 4 Esdras 10 Os acréscimos de Daniel
3 Oração de Azarias 11 A Oração de Manassés
4 Tobias 12 1 Macabeus
5 Adições a Ester 13 2 Macabeus
6 A Sabedoria de Salomão 14 Judite
7 Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque)
COMO OS APÓCRIFOS FORAM APROVADOS
A Igreja Romana
aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 como meio de combater a
Reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam violentamente
as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação
pelas obras, etc. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais
doutrinas, e apelaram para eles aprovando-os como canônicos.
Houve prós e
contras dentro dessa própria igreja, como também depois. Nesse tempo os
jesuítas exerciam muita influência no clero. Os debates sobre os
apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos. O
biblista católico John L. Mackenzie em seu "Dicionário Bíblico" sob o
verbete, Cânone, comenta que no Concílio de Trento houve várias
"controvérsias notadamente candentes" sobre a aprovação dos apócrifos.
Mas o cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica" declara mais
nitidamente que em pleno Concílio, 40 bispos dos 49 presentes travaram
luta corporal, agarrado às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse
ambiente "ESPIRITUAL", que os apócrifos foram aprovados. A primeira
edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com
autorização do papa Clemente VIII.
Os Reformadores
protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o
Antigo e Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a
leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. A
famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os
trouxe. Porém, após 1629 as igrejas reformadas excluíram totalmente os
apócrifos das suas edições da Bíblia, e, "induziram a Sociedade Bíblica
Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar
que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar
com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições."
Melhor assim, tendo em vista evitar confusão entre o povo simples, que
nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo e também
pelo fato do que aconteceu com a Vulgata! Melhor editá-los
separadamente.
PORQUE REJEITAMOS OS APÓCRIFOS
Há várias razões porque os protestantes rejeitam os Apócrifos. Eis algumas delas:
1. PORQUE COM O LIVRO DE MALAQUIAS O CÂNON BÍBLICO HAVIA SE ENCERRADO.
Depois de
aproximadamente 435 a.C não houve mais acréscimos ao cânon do Antigo
Testamento. A história do povo judeu foi registrada em outros escritos,
tais como os livros dos Macabeus, mas eles não foram considerados dignos
de inclusão na coleção das palavras de Deus que vinham dos anos
anteriores.
Quando nos
voltamos para a literatura judaica fora do Antigo Testamento percebemos
que a crença de que haviam cessado as palavras divinamente autorizadas
da parte de Deus é atestada de modo claro em várias vertentes da
literatura extrabíblica.
· 1 Macabeus: (cerca de 100 a.c.), o autor escreve sobre o altar:
"Demoliram-no,
pois, e depuseram as pedras sobre o monte da Morada conveniente, à
espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a respeito" (l Mac
4.45-46). Aparentemente, eles não conheciam ninguém que poderia falar
com a autoridade de Deus como os profetas do Antigo Testamento haviam
feito. A lembrança de um profeta credenciado no meio do povo pertencia
ao passado distante, pois o autor podia falar de um grande sofrimento,
"qual não tinha havido desde o dia em que não mais aparecera um profeta
no meio deles" (l Mac 9.27; 14.41).
· Josefo: (nascido em c. 37/38 d.C.) explicou: "Desde Artaxerxes até os nossos
dias foi
escrita uma história completa, mas não foi julgada digna de crédito
igual ao dos registros mais antigos, devido à falta de sucessão exata
dos profetas" (Contra Apião 1:41) Essa declaração do maior historiador
judeu do primeiro século cristão mostra que os escritos que agora fazem
parte dos "apócrifos", mas que ele (e muitos dos seus contemporâneos)
não os consideravam dignos "de crédito igual" ao das obras agora
conhecida por nós como Escrituras do Antigo Testamento. Segundo o ponto
de vista de Josefo, nenhuma "palavra de Deus" foi acrescentada às
Escrituras após cerca de 435 a.c.
· A literatura rabínica: reflete convicção semelhante em sua freqüente
declaração de
que o Espírito Santo (em sua função de inspirador de profecias) havia se
afastado de Israel "Após a morte dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e
Malaquias, o Espírito Santo afastou-se de Israel, mas eles ainda se
beneficiavam do bath qôl" (Talmude Babilônico, Yomah 9b repetido em Sota
48b, Sanhedrín 11 a, e Midrash Rabbah sobre o Cântico dos Cânticos,
8.9.3).· A comunidade de Qumran: (seita judaica que nos legou os
Manuscritos do Mar Morto) também esperava um profeta cujas palavras
teriam autoridade para substituir qualquer regulamento existente (veja
1QS 9.11), e outras declarações semelhantes são encontradas em outros
trechos da literatura judaica antiga (veja 2Baruc 85.3 Oração de Azarias
15). Assim, escritos posteriores a cerca de 435 a.C. em geral não eram
aceitos pelo povo judeu como obras dotadas de autoridade igual à do
restante das Escrituras.
· O Novo Testamento: não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre
Jesus e os
judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece,Jesus e seus discípulos
de um lado e os líderes judeus ou o povo judeu, de outro, estavam
plenamente de acordo em que acréscimos ao cânon do Antigo Testamento
tinham cessado após os dias De Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e
Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento
feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Segundo uma
contagem,Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes,
várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras
autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer citam alguma declaração
extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivessem
autoridade divina. A ausência completa de referência à outra literatura
como palavra autorizada por Deus e as referências muito freqüentes a
centenas de passagens no Antigo Testamento como dotadas de autoridade
divina confirmam com grande força o fato de que os autores do Novo
Testamento concordavam em que o cânon estabelecido do Antigo Testamento,
nada mais nada menos, devia ser aceito como a verdadeira palavra de
Deus.
2. PORQUE A INCLUSÃO DOS APÓCRIFOS FOI ACIDENTAL.
A conquista da
Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos
judeus por todo o império greco-macedônico. Pelo ano 300 antes de
Cristo, a colônia de judeus na cidade de Alexandria, Egito, era
numerosa, forte e fluente. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em
quatro remos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo
deles, Ptolomeu Filadelfo, foi grande amante das letras e preocupou-se
com enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Com este
objetivo, muitos livros foram traduzidos para o grego. Naturalmente, as
Escrituras Sagradas do povo hebreu foram levadas em conta, apreciando-se
também a grande importância que teria a tradução da Bíblia de seus
antepassados da Palestina para os judeus cuja língua vernácula era o
grego.
Segundo um
relato de Josefo, Sumo Sacerdote de Jerusalém Eleazar enviou, a pedido
de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com
um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o
Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano
150 antes de Cristo.
Esta tradução,
que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta (por
terem sido 70, em número redondo, seus tradutores), foi aceita pelo
Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na
Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os
tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete
dos Livros Apócrifos foram acrescentados ao texto grego como Apêndice
do Velho Testamento. Os estudiosos acham que foram unidos à Bíblia, por
serem guardados juntamente com os rolos de livros canônicos, e quando
foram iniciados os Códices, isto é , a escrituração da Bíblia inteira em
um só volume, alguns escribas copiaram certos rolos apócrifos
juntamente com os rolos canônicos.
Todos estes
livros, com exceção de Judite, Eclesiástico, Baruque e 1 Macabeus,
estavam escritos em grego, e a maioria deles foi escrita muitíssimos
anos depois de o profeta Malaquias, o último dos profetas da Dispensação
antiga, escrever o livro que leva o seu nome. O que se pode concluir
daí é que, quando a Septuaginta era copiada, alguns livros não canônicos
para os judeus eram também copiados. Isso também poderia ter ocorrido
por ignorância quanto aos livros verdadeiramente canônicos. Pessoas não
afeiçoadas ao judaísmo ou mesmo desinteressadas em distinguir livros
canônicos dos não canônicos tinham por igual valor todos os livros,
fossem eles originalmente recebidos como sagrados pelos judeus ou não.
Mesmo aqueles que não tinham os demais livros judaicos como canônicos
certamente também copiavam estes livros, não por considerá-los sagrados,
mas apenas para serem lidos. Por que não copiar livros tão antigos e
interessantes? Estes livros, entretanto, têm a importância de refletir o
estado do povo judeu e o caráter de sua vida intelectual e religiosa
durante as várias épocas que representam, particularmente, a do período
chamado intertestamentário (entre Malaquias e João Batista, de 400
anos); é, talvez, por estas razões que os tradutores os juntaram ao
texto grego da Bíblia, mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no
cânon de seus livros sagrados.
3. TESTEMUNHAS CONTRA OS APÓCRIFOS
Traremos agora o
depoimento de várias personagens históricas que depõe contra a lista
canônica "Alexandrina", como consta na Septuaginta, Vulgata e em todas
as versões das Bíblias católicas existentes. Pelo peso de autoridade que
representam esses vultos, são provas mais do que suficientes e
esmagadoras contra a inclusão dos Apócrifos no Cânon bíblico.
Vejamos:
JOSEFO: A
referência mais antiga ao cânon hebraico é do historiador judeu Josefo
(37-95 AC). Em Contra Apionem ele escreve: "Não temos dezenas de
milhares de livros, em desarmonia e conflitos, mas só vinte e dois,
contendo o registro de toda a história, os quais, conforme se crê, com
justiça, são divinos." Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés,
aos treze livros dos profetas, e aos demais escritos (os quais "incluem
hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas
vidas"), ele continua afirmando:
"Desde
Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido
registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto
aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas
cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida
através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo,
ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles
coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja"
Josefo é
suficientemente claro. Como historiador judeu, ele é fonte fidedigna.
Eram apenas vinte e dois os livros do cânon hebraico agrupados nas três
divisões do cânon massorético. E desde a época de Malaquias (Artaxerxes,
464-424) até a sua época nada se lhe havia sido acrescentado. Outros
livros foram escritos, mas não eram considerados canônicos, com a
autoridade divina dos vinte e dois livros mencionados.
ORÍGENES: No
terceiro século d.C, Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de
vinte e dois livros do Antigo Testamento que foi preservado na História
Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte
e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético) inclusive Ester, mas
nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que
os livros de Macabeus estão "fora desses [livros canônicos]"
TERTULIANO: Aproximadamente contemporâneo de Orígenes era Tertuliano.
(160-250 dc) o primeiro dos País Latinos cujas obras ainda existem. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro.
HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.
ATANÁSIO: De
modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo
de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do
nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto
Éster. Mencionou também alguns livros dos apócrifos, tais como a
Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Sirac, Judite e Tobias, e disse que
esses "não são na realidade incluídos no cânon, mas indicados pelos
Pais para serem lidos por aqueles que recentemente se uniram a nós e que
desejam instrução na palavra de bondade".
JERONIMO: Jerônimo (340-420.dc.) propugnou, no Prologus Galeatus. A citação pertinente de Prologus Galeatus é a seguinte:
"Este prólogo,
como vanguarda (principium) com capacete das Escrituras, pode ser
aplicado a todos os Livros que traduzimos do Hebraico para o Latim, de
tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve
ser colocado entre os Apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada
de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o
Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon.
Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em Hebraico; o Segundo foi
escrito em Grego, conforme testifica sua própria linguagem".
Jerônimo, no
seu prefácio aos Livros de Salomão, menciona ter descoberto Eclesiástico
em Hebraico, mas declara em sua; convicção que a Sabedoria de Salomão
teria sido originalmente composta em Grego e não em Hebraico, por
demonstrar uma eloqüência tipicamente helenística. "E assim", continua
ele, "da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite e Tobias e Macabeus
(no culto público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas,
assim também sejam estes dois livros úteis para a edificação do povo,
mas não para estabelecer as doutrinas da Igreja"). e noutros trechos,
prima pelo reconhecimento de apenas os vinte e dois livros contidos no
hebraico, e a relegação dos livros apócrifos a uma posição secundária.
Assim, no seu Comentário de Daniel, lançou dúvidas quanto à canonicidade
da história de Suzana, baseando-se no fato que o jogo de palavras
atribuído a Daniel na narrativa, só podia ser derivado do grego e não do
hebraico (inferência: a história foi originalmente composta em grego).
Do mesmo modo, em conexão com a história de Bel e a do Dragão, declara;
"a objeção se soluciona facilmente ao asseverar que esta história
especifica não está incluída no texto hebraico do livro de Daniel. Se,
porém, alguém fosse comprovar que pertence ao cânone, seríamos obrigados
a buscar uma outra resposta a esta objeção"
MELITO: A mais
antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a
de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C.
"Quando cheguei
ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram
proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo
Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes:
cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico,
Deuteronômio,Josué, filho de Num, Juizes, Rute, quatro livros dos
Remos,'0 dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de
Salomão e sua Sabedoria," Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos,Jó, os
profetas Isaías,Jeremias, os Doze num único livro, Daniel, Ezequiel,
Esdras."
É digno de nota
que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui
todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Éster. Mas as
autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para
manter, em sua teimosia, os Apócrifos! AS HERESIAS DOS APÓCRIFOS
Uma das grandes
razões, talvez a principal delas, porque nós evangélicos rejeitamos os
Apócrifos, é devido a grande quantidade de heresias que tais livros
apresentam. Fora isso, existem também lendas absurdas e fictícias e
graves erros históricos e geográficos, o que fazem os Apócrifos serem
desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um resumo de cada
livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.
RESUMO:
TOBIAS (200
a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de
Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta:
· justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8
· mediação dos Santos - 12:12
· superstições - 6:5, 7-9, 19
· um anjo engana Tobias e o ensina a mentir 5:16 a 19
JUDITE (150
a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade
enganando um general inimigo e decapitando-o. grande heresia é a própria
história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE (100
a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do
profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de
Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda
destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.
Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.
ECLESIÁSTICO (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:
· justificação pelas obras - 3:33,34
· trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42:1 e 5
· incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28
SABEDORIA DE
SALOMAO (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar
contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era
Cristã).
Apresenta:
· o corpo como prisão da alma - 9:15
· doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma 8:19 e 20
· salvação pela sabedoria - 9:19
1 MACABEUS (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da
família "Macabeus", que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D)
lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
II MACABEUS
(100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo,
cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta:
· a oração pelos mortos - 12:44 - 46
· culto e missa pelos mortos - 12:43
· o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27
· intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14
ADIÇÕES A DANIEL:
capítulo 13 - A
história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num
julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.
capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.
LENDAS, ERROS E HERESIAS
1. Histórias fictícias, lendárias e absurdas
- Tobias 6.1-4 -
"Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada
junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um
peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou
em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse
disse-lhe: Pega-lhe pelas guerras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito,
puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés.
2. Erros Históricos e Geográficos
Os Apócrifos
solapam a doutrina da inerrância porque esses livros incluem erros
históricos e de outra natureza. Assim, se os Apócrifos são considerados
parte das Escrituras, isso identifica erros na Palavra de Deus. Esses
livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de
doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite
9.1O,13). Os erros dos Apócrifos são freqüentemente apontados em obras
de autoridade reconhecida. Por exemplo:
O erudito
bíblico DL René Paehe comenta: "Exceto no caso de determinada informação
histórica interessante (especialmente em 1. Macabeus) e alguns belos
pensamentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomão).
Tobias...
contém certos
erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe
era filho de Salmaneser (1 .15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi
tomado por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e
por Ciáxares... Judite não pode ser histórico porque contém erros
evidentes... [Em 2 Macabeus] há também numerosas desordens e
discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais
refletem ignorância ou confusão..
HERESIAS
3. Ensinam Artes Mágicas ou de Feitiçaria como método de exorcismo
a) Tobias 6.5-9
- "Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque
estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua
carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que
lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias
perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas
de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste
guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do
seu coração sobre brasas acesas , o seu fumo afugenta toda a casta de
demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a
chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas,
e sararão"
b) Este ensino
que o coração de um peixe tem o poder para expulsar toda espécie de
demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre como enfrentar o
demônio.
c) Deus jamais
iria mandar um anjo seu, ensinar a um servo seu, como usar os métodos da
macumba e da bruxaria para expulsar demônios.
d) Satanás não
pode ser expelido pelos métodos enganosos da feitiçaria e bruxaria, e de
fato ele não tem interesse nenhum em expelir demônios (Mt 12.26).
e) Um dos
sinais apostólicos era a expulsão de demônios, e a única coisas que
tiveram de usar foi o nome de Jesus (Mc 16.17; At 16.18)
4. Ensinam que Esmolas e Boas Obras - Limpam os Pecados e Salvam a Alma
a) Tobias 12.8,
9 - "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que
juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a
que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna".
Eclesiástico 3.33 - "A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados"
b) Este é o primeiro ensino de Satanás, o mais terrível, e se encontrar basicamente em todas a seitas heréticas.
c) A Salvação
por obras, destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do
pecador. Se caridade e boas obras limpam nossos pecados, nós não
precisamos do sangue de Cristo. Porém, a Bíblia não deixa dúvidas quanto
o valor exclusivo do sangue como um único meio de remissão e perdão de
pecados:
- Hb 9:11, 12,
22 - "Mas Cristo... por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no
santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção ...sem derramamento de
sangue não há remissão."
- I Pe 1:18, 19
- "sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição
recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro
sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo,"
d) Contradiz
Bíblia toda. Ela declara que somente pela graça de Deus e o sangue de
Cristo o homem pode alcançar justificação e completa redenção:
- Romanos 3.20,
24, 24 e 29 - "Ninguém será justificado diante dele pelas obras da
lei... sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs no seu sangue.
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente
das obras da lei".5. Ensinam o Perdão dos pecados através das orações
a) Eclesiástico
3.4 - "O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se
absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os
dias".
b) O perdão dos
pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é
fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado, a oração por si só, é
uma boa obra que a ninguém pode salvar. Somente a oração de confissão e
arrependimento baseadas na fé no sacrifício vicário de Cristo traz o
perdão (Pv. 28.13; I Jo 1.9; I Jo 2.1,2)
6. Ensinam a Oração Pelos Mortos
a) 2 Macabeus
12:43-46 - "e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a
Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos
mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição, (porque, se ele
não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de
ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e
porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava
reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar
pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados".
b) É neste
texto falso, de um livro não canônico, que contradiz toda a Bíblia, que a
Igreja Católica Romana baseia sua falta e herege doutrina do
purgatório.
c) Este é
novamente um ensino Satânico para desviar o homem da redenção exclusiva
pelo sangue de Cristo, e não por orações que livram as almas do fogo de
um lugar inventado pela mente doentia e apostata dos teólogos católicos
romanos.
d) Após a morte
o destino de todos os homens é selado, uns para perdição eterna e
outros para a Salvação eterna - não existe meio de mudar o destinos de
alguém após a sua morte. Veja Mt. 7:13,13; Lc 16.26
7. Ensinam a Existência de um Lugar Chamado PURGATÓRIO
a) Este é o
ensino herético e satânico inventado pela Igreja Católica Romana, de que
o homem, mesmo morrendo perdido, pode ter uma Segunda chance de
Salvação.
b) Sabedoria
3.1-4 - "As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o
tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua
saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação
de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles
sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de
imortalidade".
c) A Igreja
Católica baseia a doutrina do purgatório na ultima parte deste texto,
onde diz: " E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua
esperança está cheia de imortalidade".
- Eles ensinam que o tormento em que o justo está, é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade.
- Isto é uma
deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo, que a igreja
Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas
heresias.
- Até porque, ganha muito dinheiro com as indulgências e missas rezadas pelos mortos.
d) Leia
atentamente as seguinte textos das Escrituras, que mostram a
impossibilidade do purgatório : I Jo 1.7; Hb 9.22; Lc 23.40-43; I6:
19-31; I Co 15:55-58; I Ts 4:12-17; Ap 14:13; Ec 12:7; Fp 1:23; Sl
49:7-8; II Tm 2:11-13; At 10:43)
8. Nos Livros Apócrifos Os Anjos Mentem
a) Tobias
5.15-19 - "E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias
respondeu: Peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo
Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo
mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em
cuidados,, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias
respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não
ofendas por eu desejar conhecer a tua geração.
b) Um anjo de
Deus não poderia mentir sobre a sua identidade, sem violar a própria lei
santa de Deus. Todos os anjos de Deus, foram verdadeiros quando lhes
foi perguntado a sua identidade. Veja Lc 1.19
9. Mulher que Jejuava Todos os Dias de Sua Vida
a) Judite 8:5,6
- "e no andar superior de sua casa tinha feito para si um quarto
retirado, no qual se conservava recolhida com as suas criadas, e,
trazendo um cilício sobre os seus rins, jejuava todos os dias de sua
vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, d nas festas da casa de
Israel"
b) Este texto
legendário tem sido usado por romana relacionado com a canonização dos
"santos" de idolatria. Em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias
da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois
não jejuou mais.
c) O livro de
Judite é claramente um produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo,
para escravizar os homens aos ensinos da igreja Católica Romana.
10. Ensinam Atitudes Anticristãs, como: Vingança, Crueldade e Egoísmo
a) VINGANÇA - Judite 9:2
b) CRUELDADE e EGOÍSMO - Eclesiástico 12:6
c) Contraria o que a Bíblia diz sobre:
- Vingança (Rm 12.19, 17)
- Crueldade e Egoísmo ( Pv. 25:21,22; Rm 12:20; Jo 6:5; Mt 6:44-48)
A igreja
Católica tenta defender a IMACULADA CONCEIÇÃO baseando em uma deturpação
dos apócrifos (Sabedoria 8:9,20) - Contradizendo: Lc. 1.30-35; Sl 51:5;
Rm 3:23)
Diante de tudo isso perguntamos: Merecem confiança os livros Apócrifos ? A resposta obvia é, NÃO.
RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES ROMANISTAS
Os livros
apócrifos do Antigo Testamento têm recebido diferentes graus de
aceitação pelos cristãos. A maior parte dos protestantes e dos judeus
aceita que tenham valor religioso e mesmo histórico, sem terem, contudo,
autoridade canônica. Os católicos romanos desde o Concilio de Trento
têm aceito esses livros como canônicos. Mais recentemente, os católicos
romanos têm defendido a idéia de uma deuterocanonicidade, mas os livros
apócrifos ainda são usados para dar apoio a doutrinas extrabíblicas,
tendo sido proclamados como livros de inspiração divina no Concílio de
Trento. Outros grupos, como os anglicanos e várias igrejas ortodoxas,
nutrem diferentes concepções a respeito dos livros apócrifos. A seguir
apresentamos um resumo dos argumentos que em geral são aduzidos para a
aceitação desses livros, na crença de que detêm algum tipo de
canonicidade e suas respectivas refutações.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
1. Alusões no
Novo Testamento. O Novo Testamento reflete o pensamento e registra
alguns acontecimentos dos apócrifos. Por exemplo, o livro de Hebreus
fala de mulheres que receberam seus mortos pela ressurreição (Hebreus
11.35), e faz referência a 2 Macabeus 7 e 12. Os chamados apócrifos ou
pseudepígrafos são também citados em sua amplitude pelo Novo Testamento
(Jd 14,15; 2Tm 3.8).
REFUTAÇÃO:
Apela-se freqüentemente ao fato que o Novo Testamento usualmente emprega
a tradução da LXX ao citar o Antigo Testamento. Portanto, já que a LXX
continha os Apócrifos, decerto os Apóstolos do Novo Testamento
reconheciam a autoridade da LXX inteira conforme então se constituía.
Além disto, argumentam, é um fato que ocasionalmente apela-se a obras
fora do "Cânone Palestiniano". Wíldeboer' e Torrey" colecionaram todas
as instâncias possíveis de tais citações ou alusões a obras apócrifas,
incluindo-se várias que apenas são hipotéticas. Mas toda esta linha de
argumentos é realmente irrelevante para a questão em pauta, sendo que
nem se alega que qualquer uma destas fontes seja proveniente dos
Apócrifos Romanos.Na maioria dos casos as obras que supostamente foram
citadas desapareceram há muito tempo - obras tais como o Apocalipse de
Elias e a Assunção de Moisés (da qual sobrou um fragmento latino). Só
num único caso, a citação de Enoque 1:9 em Judas 14-16, é que a fonte
citada sobreviveu. Há citações de autores gregos pagãos, também no Novo
Testamento. Em Atos 17:28, Paulo cita de Arato, Phaenomena, linha 5; em 1
Coríntios 15:33, cita da comédia de Menander, Thais. Certamente ninguém
poderia supor que citações tais como estas estabelecem a canonicidade
ou de Arato ou de Menander. Pelo contrário, o testemunho do Novo
Testamento é muito decisivo contra a canonicidade dos quatorze livros
Apócrifos. Demais disso, a alegação de que em muitas partes os escritos
do Novo Testamento refletem influências dos livros Apócrifos, é deveras
frágil demais para ser sustentada, pois se fosse assim, o livro de
Enoque citado por Judas seria digno de muito mais crédito no sentido de
canonicidade do que os Apócrifos romanos. Judas citada versículos
inteiros deste livro, enquanto os Apócrifos adotados nas Bíblias romanas
não aparece nenhuma vez com citações inteira ou em partes. Seguindo o
mesmo raciocínio dos católicos poderíamos então canoniza-lo também!
Então dizemos que virtualmente todos os livros do Antigo Testamento são
citados como sendo divinamente autorizados, ou pelo menos há alusão a
eles como tais. Embora acabe de ser esclarecido que a mera citação não
estabelece necessariamente a canonicidade, é inconcebível que os vários
autores do Novo Testamento pudessem ter considerado como canônicos os
quatorze livros dos Apócrifos Romanos, sem ter feito uso deles em
citações ou alusões.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
2. Emprego que o
Novo Testamento faz da versão Septuaginta. A tradução grega do Antigo
Testamento hebraico, em Alexandria, é conhecida como Septuaginta (LXX).
Foi a versão que Jesus usou e é a versão mais citada pelos autores do
Novo Testamento e pelos cristãos primitivos. A LXX continha os livros
apócrifos. A presença desses livros na LXX dá apoio ao cânon
alexandrino, mais amplo, do Antigo Testamento, em oposição ao cânon
palestino, mais reduzido que os omite.
REFUTAÇÃO: Mas
não é de modo nenhum certo que todos os livros na LXX foram considerados
canônicos, mesmo pelos próprios judeus de Alexandria. Bem decisiva
contra isto é a evidência de Filon de Alexandria (que viveu no primeiro
século d.C.), assim como o judaísmo oficial em outros lugares e épocas.
Apesar de ter citado freqüentemente os livros canônicos do "Cânone
Palestiniano", não faz uma citação sequer dos livros Apócrifos. Isto é
impossível reconciliar com a teoria de um "Cânone Alexandrino" maior, a
não ser que porventura alguns judeus de Alexandria não tivessem recebido
este "Cânone Alexandrino" enquanto outros o reconheciam.
Em segundo
lugar, relata-se de fontes fidedignas que a Versão Grega de Áquila foi
aceita pelos judeus alexandrinos no segundo século d.C., apesar de não
conter os livros Apócrifos. A dedução razoável desta evidência seria que
(conforme o próprio Jerônimo esclareceu) os judeus de Alexandria
resolveram incluir na sua edição do Antigo Testamento tanto os livros
que reconheciam como sendo canônicos, como também os livros que eram
"eclesiásticos" i,é., foram reconhecidos como sendo valiosos e
edificantes, porém sem ser infalíveis.
Apoio adicional
para esta suposição (que livros subcanônicos possam ter sido
conservados e utilizados juntamente com os canônicos) foi recentemente
descoberto nos achados da Caverna 4 de Cunrã. Ali, no coração da
Palestina, onde seguramente o "Cânone Palestiniano" deve ter sido
autoritativo, pelo menos dois livros Apócrifos se fazem representar -
Eclesiástico e Tobias. Um fragmento de Tobias aparece num pedacinho de
papiro, outro em couro; há também um fragmento em hebraico, escrito em
couro. Vários fragmentos de Eclesiástico foram descobertos ali, e pelo
menos na pequena quantidade representada, concordam bem exatamente com
mss de Eclesiástico do século onze, descobertos na Genizá de Cairo na
década de 1890. Quanto a isto, a Quarta Caverna de Cunrã também
conservou obras pseudoepigráficas tais como o Testamento de Levi, em
aramaico, o mesmo em hebraico, e o livro de Enoque (fragmentos de dez
mss.diferentes!). Decerto, ninguém poderia argumentar com seriedade que
os sectários tão estreitos de Cunrã consideravam como canônicas todas
estas obras apócrifas e pseudoepigráficas só por causa de terem
conservado cópias delas. A Palestina é que era o lar do cânon judaico,
jamais a Alexandria, no Egito. O grande centro grego do saber pertencia
no Egito, não tinha autoridade para saber com precisão que livros
pertenciam ao Antigo Testamento judaico. Alexandria era o lugar da
tradução apenas, não da canonização. O fato de a Septuaginta conter os
apócrifo apenas comprova que os judeus alexandrinos traduziram os demais
livros religiosos judaicos do período intertestamentário ao lado dos
livros canônicos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
3. Os mais
antigos manuscritos completos da Bíblia. Os mais antigos manuscritos
gregos da Bíblia contêm os livros apócrifos inseridos entre os livros do
Antigo Testamento. Os manuscritos Aleph (N), A e B, incluem esses
livros, revelando que faziam parte da Bíblia cristã original.
REFUTAÇÃO:
Isto, porém, é verdade apenas em parte. Certamente os Targuns aramaicos
não os reconheceram. Nem sequer o Pesita siríaco na sua forma mais
antiga continha um único livro apócrifo; foi apenas posteriormente que
alguns deles foram acrescentados. Uma investigação mais cuidadosa desta
reivindicação reduz a autoridade sobre a qual os Apócrifos se alicerçam a
apenas uma versão antiga, a Septuaginta, e àquelas traduções
posteriores (tais como a Itala, a Cóptica, a Etiópica, e a Siríaca
posterior) que foram dela derivadas. Mesmo no caso da Septuaginta, os
livros Apócrifos mantêm uma existência um pouco Incerta. O Códice
Vaticano ("B") não tem 1 e 2 Macabeus (canônicos segundo Roma), mas
Inclui 1 Esdras (não-canônico segundo Roma). O Códice Sinaítico ("Alef")
omite Baruque (canônico segundo Roma), mas inclui 4 Macabeus
(não-canônico segundo Roma). O Códice Alexandrino ("A") contêm três
livros apócrifos "não-canônicos": 1 Esdras e 3 e 4 Macabeus. Então
acontece que até os três mais antigos mss. da LXX demonstram
considerável falta de certeza quanto aos livros que compõem a lista dos
Apócrifos, e que os quatorze aceitáveis à Igreja Romana não são de modo
algum substanciados pelo testemunho dos grandes unciais do quarto e do
quinto séculos. Os escritores do Novo Testamento quase sempre fizeram
citações da LXX, mas jamais mencionaram um livro sequer dentre os
apócrifos. No máximo, a presença dos apócrifos nas Bíblias cristãs do
século IV mostra que tais livros eram aceitos até certo ponto por alguns
cristãos, naquela época. Isso não significa que os judeus ou os
cristãos como um todo aceitassem esses livros como canônicos, isso sem
mencionarmos a igreja universal, que nunca os teve na relação de livros
canônicos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
4. A arte
cristã primitiva. Alguns dos registros mais antigos da arte cristã
refletem o uso dos apócrifos. As representações nas catacumbas às vezes
se baseavam na história dos fieis registrada no período
intertestamentário.
REFUTAÇÃO: As
representações artísticas não constituem base para apurar a canonicidade
dos apócrifos. As representações pintadas nas catacumbas, extraídas de
livros apócrifos, apenas mostram que os crentes daquela era estavam
cientes dos acontecimentos do período ínter-testamentário e os
consideravam parte de sua herança religiosa. A arte cristã primitiva não
decide nem resolve a questão da canonicidade dos apócrifos.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
5. Os primeiros
pais da igreja. Alguns dos mais antigos pais da igreja, de modo
particular os do Ocidente, aceitaram e usaram os livros apócrifos em seu
ensino e pregação. E até mesmo no Oriente, Clemente de Alexandria
reconheceu 2 Esdras como inteiramente canônico. Orígenes acrescentou
Macabeus bem como a Epístola de Jeremias à lista de livros bíblicos
canônicos.
REFUTAÇÃO:
Muitos dos grandes pais da igreja em seu começo, dos quais Melito (190),
Orígenes (253), Eusébio de Cesaréia (339), Hilário de Poitiers (366),
Atanásio (373 d.C), Cirilo de Jerusalém (386 d.C), Gregório Nazianzeno
(390), Rufino (410), Jerônimo (420), depuseram contra os apócrifos.
Nenhuns dos primeiros pais de envergadura da igreja primitiva,
anteriores a Agostinho, aceitaram todos os livros apócrifos canonizados
em Trento. Então será mais correto dizer que alguns dos escritores
cristãos antigos pareciam fazer isto.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
6. A influência
de Agostinho. Agostinho (c. 354-430) elevou a tradição ocidental mais
aberta, a respeito dos livros apócrifos, ao seu apogeu, ao atribuir-lhes
categoria canônica. Ele influênciou os concílios da igreja, em Hipo
(393 d.C.) e em Cartago (397 d.C.), que relacionaram os apócrifos como
canônicos. A partir de então, a igreja ocidental passou a usar os
apócrifos em seu culto público.
REFUTAÇÃO: O
testemunho de Agostinho não é definitivo, nem isento de equívocos.
Primeiramente, Agostinho às vezes faz supor que os apócrifos apenas
tinham uma deuterocanonicidade (Cidade de Deus,18,36) e não canonicidade
absoluta. Além disso, os Concílios de Hipo e de Cartago foram pequenos
concílios locais, influenciados por Agostinho e pela tradição da
Septuaginta grega. Nenhum estudioso hebreu qualificado teve presente em
nenhum desses dois concílios. O especialista hebreu mais qualificado da
época, Jerônimo, argumentou fortemente contra Agostinho, ao rejeitar a
canocidade dos apócrifos. Jerônimo chegou a recusar-se a traduzir os
apócrifos para o latim, ou mesmo incluí-los em suas versões em latim
vulgar (Vugata latina). Só depois da morte de Jerônimo e praticamente
por cima de seu cadáver, é que os livros apócrifos foram incorporaos à
Vulgata latina. Além disso quando um antagonista apelou para uma
passagem de 2 Macabeus para encerrar um argumento, Agostinho respondeu
que sua causa era deveras fraca se tivesse que recorrer a um livro que
não era da mesma categoria daqueles que eram recebidos e aceitos pelos
judeus.
Esta defesa
ambígua dos Apócrifos, da parte de Agostinho, é mais do que
contrabalançada pela posição contrária adotada por Atanásio (que morreu
em 365), tão reverenciado e altamente estimado tanto pelo Oriente como
pelo Ocidente como sendo o campeão da ortodoxia trinitária. Na sua
Trigésima Nona Carta, parágrafo 4, escreveu: "Há, pois, do Antigo
Testamento vinte e dois livros", e então relaciona os livros que são
aqueles que se acham no TM (Texto Massorético), aproximadamente na mesma
ordem na qual aparecem na Bíblia Protestante. Nos parágrafos 6 e 7
declara que os livros extrabíblico (Lê., os quatorze dos Apócrifos) não
são incluídos no Cânone, mas meramente são "indicados para serem lidos".
Apesar disto, a Igreja Oriental mais tarde demonstrou uma tendência de
concordar com a Igreja Ocidental em aceitar os Apócrifos (o segundo
Concílio Trulano em Constantinopla, em 692). Mesmo assim, havia muitas
pessoas que tinham suas reservas quanto a alguns dos quatorze, e
finalmente, em Jerusalém, em 1672, a Igreja Grega reduziu o número de
Apócrifos canônicos a quatro; Sabedoria, Eclesiástico, Tobias e
Judite.OBJEÇÃO CATÓLICA:
7. O Concílio
de Trento. Em 1546, o concilio católico romano do pós-Reforma, realizado
em Trento, proclamou os livros apócrifos como canônicos, declarando o
seguinte:
O sínodo [...]
recebe e venera [...] todos os livros, tanto do Antigo Testamento como
do Novo [incluindo-se os apócrifos] - entendendo que um único Deus é o
Autor de ambos os testamentos [...] como se houvessem sido ditados pela
boca do próprio Cristo, ou pelo Espírito Santo [...] se alguém não
receber tais livros como sagrados e canônicos, em todas as suas partes,
da forma em que têm sido usados e lidos na Igreja Católica [...] seja
anátema.
Desde esse
concílio de Trento, os livros apócrifos foram considerados canônicos,
detentores de autoridade espiritual para a Igreja Católica Romana.
REFUTAÇÃO: A
ação do Concílio de Trento foi ao mesmo tempo polêmica e prejudicial. Em
debates com Lutero, os católicos romanos haviam citado Macabeus, em
apoio à oração pelos modos (v. 2Macabeus 12.45,46). Lutero e os
protestantes que o seguiam desafiaram a canonicidade desse livro,
citando o Novo Testamento, os primeiros pais da igreja e os mestres
judeus, em apoio. O Concílio de Trento reagiu a Lutero canonizando os
livros apócrifos. A ação do Concílio não foi apenas patentemente
polêmica, foi também prejudicial, visto que nem os catorze livros
apócrifos foram aceitos pelo Concílio. Primeiro e Segundo Esdras (3 e 4
Esdras dos católicos romanos; a versão católica de Douai denomina 1 e
2Esdras, respectivamente, os livros canônicos de Esdras e Neemias) e a
Oração de Manassés foram rejeitados. A rejeição de 2Esdras é
particularmente suspeita, porque contém um versículo muito forte contra a
oração pelos mortos (2Esdras 7.105). Aliás, algum escriba medieval
havia cortado essa seção dos manuscritos latinos de 2Esdras, sendo
conhecida pelos manuscritos árabes, até ser reencontrada outra vez em
latim por Robert L. Bentley, em 1874, numa biblioteca de Amiens, na
França.
CATÓLICOS CONTRA OS APÓCRIFOS?
Essa decisão,
em Trento, não refletiu uma anuência universal, indisputável, dentro da
Igreja Católica. Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração
divina nesses livros. Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o
seguinte: "O papa Gregório, o grande, declarou que primeiro Macabeus, um
livro apócrifo, não é canônico. Nessa exata época (da Reforma) o
cardeal Cajetan, que se opusera a Lutero em Augsburgo, em 1518, publicou
Comentário sobre todos os livros históricos fidedignos do Antigo
Testamento, em 1532, omitindo os apócrifos. Antes ainda desse fato, o
cardeal Ximenes havia feito distinção entre os apócrifos e o cânon do
Antigo Testamento, em sua obra Poliglota com plutense (1514-1517), que
por sinal foi aprovada pelo papa Leão X. Será que estes papas se
enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento
estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do
papa como mestre da doutrina?. Tendo em mente essa concepção, os
protestantes em geral rejeitaram a decisão do Concílio de Trento, que
não tivera base sólida.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
8. Uso
não-católico. As Bíblias protestantes desde a Reforma com freqüência
continham os livros apócrifos. Na verdade, nas igrejas anglicanas os
apócrifos são lidos regularmente nos cultos públicos, ao lado dos livros
do Antigo e do Novo Testamento. Os apócrifos são também usados pelas
igrejas de tradição ortodoxa oriental.
REFUTAÇÃO: O
uso dos livros apócrifos entre igrejas ortodoxas, anglicanas e
protestantes foi desigual e diferenciado. Algumas os usam no culto
público. Muitas Bíblias contém traduções dos livros apócrifos, ainda que
colocados numa seção à parte, em geral entre o Antigo e o Novo
Testamento. Ainda que não-católicos façam uso dos livros apócrifos,
nunca lhes deram a mesma autoridade canônica do resto da Bíblia. Os
não-católicos usam os apócrifos em seus devocionais, mais do que na
afirmação doutrinária.
OBJEÇÃO CATÓLICA:
9. A comunidade
do Mar Morto. Os livros apócrifos foram encontrados entre os rolos da
comunidade do Mar Morto, em Qumran. Alguns haviam sido escritos em
hebraico, o que seria indício de terem sido usados por judeus palestinos
antes da época de Jesus.
REFUTAÇÃO:
Muitos livros não-canônicos foram descobertos em Qumran, dentre os quais
comentários e manuais. Era uma biblioteca que continha numerosos livros
não tidos como inspirados pela comunidade. Visto que na biblioteca de
Qumran não se descobriram comentários nem citações autorizadas sobre os
livros apócrifos, não existem evidências de que eram tidos como
inspirados. Podemos presumir, portanto, que aquela comunidade cristã não
considerava os apócrifos como canônicos. Ainda que se encontrassem
evidências em contrário, o fato de esse grupo ser uma seita que se
separa do judaísmo oficial mostraria ser natural que não fosse ortodoxo
em todas as suas crenças. Tanto quanto podemos distinguir, contudo, esse
grupo era ortodoxo à canonicidade do Antigo Testamento. Em outras
palavras, não aceitavam a canonicidade dos livros apócrifos.Resumo e
conclusão
Resumindo todos
esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos livros
apócrifos por parte dos cristãos, desde os tempos mais primitivos, é
evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição
culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento,
como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o
presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de
paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em
suas igrejas.
O cânon do
Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros
em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se
verificara por volta do século IV a.C. As objeções de menor monta a
partir dessa época não mudaram o conteúdo do cânon. Foram os livros
chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande
circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega
de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo
especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a
igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais
amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros
não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio
de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi
polêmica e eivada de preconceito, como já o demonstramos.
Que os livros
apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem,
não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos:
1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade.
4. Nenhum concilio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV.
5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos.
6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, Rejeitaram os livros apócrifos.
7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data,
reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.
À vista desses
fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os
cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se foram Palavra
de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã.
Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de
canonicidade, estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos falta o
seguinte:
1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.
2. Não detém a autoridade de Deus. O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.)
diz:
"Muitos e
excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas,
e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel
digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os
autores destes discursos tiveram de ser instruídos, também os próprios
estrangeiros se podem tomar (por meio deles) muito hábeis tanto para
falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter
aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros
livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa
acerca da doutrina e sabedoria...Eu vos exorto, pois a ver com
benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a
perdoar-nos, se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato
da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões."
Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana.
3. Contêm erros históricos (v. Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias, como a oração pelos mortos (2Macabeus 12.45,46; 4).
4. Embora seu
conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos devocionais,
na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já se
encontram nos livros canônicos.
5. Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos.
6. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.
7. O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originalmente apresentados, recusou-os terminantemente.
A comunidade
judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns
cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o
valor que se lhes atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca
aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas.
"Eis as razões porque definitivamente rejeitamos os Apócrifos"
*Este estudo
foi fruto de várias pesquisas em livros, enciclopédias, manuais,
léxicos, dicionários e internet. Compilados e adaptados pela equipe
editorial do C.A.C.P.
1. Merece Confiança o Antigo Testamento?, Gleason L. Archer. Jr. Ed. Vida Nova.
2. Introdução Bíblica, Norman Geisler e William Nix. Ed. Vida.
3. Panorama do Velho Testamento, Ângelo Gagliardi Jr. Ed. Vinde.
4. O Novo Comentário da Bíblia vol I, vários autores. Ed. Vida Nova.
5. Evidência Que Exige um Veredito vol I, Josh McDowell. Ed. Candeia.
6. Os Fatos sobre "O Catolicismo Romano", John Ankerberg e John Weldon. Ed. Chamada da Meia-Noite.
7. O Catolicismo Romano, Adolfo Robleto. Ed. Juerp.
8. Estudos particulares de, Pr. José Laérton - IBR Emanuel - (085) 292-6204.(internet)
9. Estudos particulares de, Paulo R. B. Anglada.(internet)
10. Teologia Sistemática, Green. Ed. Vida Nova.
11. Anotações particulares do autor. Presb. Paulo Cristiano
Autor: Prof. Paulo Cristiano